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O que é Plano de Parto e como fazer o seu

O Plano de Parto é um documento com validade legal, recomendado e reconhecido pelo Ministério da Saúde. O documento é elaborado pela mulher e nele deve constar os desejos e os cuidados que ela quer receber, para si e para o seu filho, no momento do parto e no pós-parto imediato. O ideal é que se possível, o (a) companheiro (a) participe do processo de construção do documento já que, em muitos momentos, ele será o porta-voz da mulher durante o parto. Caso o casal conte com o apoio de uma Doula, é ela quem auxiliará na elaboração do Plano de Parto, esclarecendo cada um dos procedimentos e oferecendo orientação com base nas evidências científicas mais recentes para que o casal faça suas escolhas de forma consciente.

O plano de parto é, portanto, uma ferramenta que auxilia as famílias a terem mais autonomia nas decisões que forem tomadas junto à equipe, permitindo que a mulher seja protagonista do parto. Para isso, é fundamental que a mulher e o casal estudem sobre parto, tenham suas dúvidas esclarecidas e entendam o que está escrito ali. Existem muitos modelos de plano de parto na internet mas eu realmente não recomendo que a família apenas imprima um deles e leve à maternidade.

A equipe de plantão do hospital geralmente sabe diferenciar uma mulher que chega com um plano de parto copiado da internet de uma outra, munida com um documento escrito de maneira informal, mas ciente de tudo o que está descrito ali.

 

Quem vai parir no SUS, pode levar Plano de parto?

Não somente pode, como deve. Assim que der entrada no hospital, o documento pode ser entregue à equipe.

 

A equipe é obrigada a seguir o Plano de Parto?

A equipe deve receber o plano de parto, ler e, sempre que possível, seguir os desejos da mulher. Qualquer ação que precise ser tomada e que fuja ao que está descrito no Plano de parto, deve ser informado à mulher de forma clara.

 

Todos os hospitais recebem o Plano de Parto?

Alguns hospitais ainda recebem com certa estranheza, mas todos eles devem aceitar. O que acontece, na prática, é que em alguns hospitais a equipe de plantão recebe o documento, mas não dá muita importância: guarda o documento no prontuário e segue com os protocolos hospitalares normais.

 

Como garantir que a equipe não faça isso?

O ideal é entregar o plano de parto quando der entrada no hospital, apresentar para o Obstetra ou para a Enfermeira que estará na assistência e pedir que assinem (ou carimbem) uma cópia, antes de anexar ao prontuário. É interessante levar várias cópias.

Posteriormente essa equipe pode ser acionada caso a mulher tenha se sentido desrespeitada ou caso tenham sido realizados procedimentos sem evidência científica, como a Manobra de Kristeller (empurrar a barriga para “ajudar” o bebê a nascer) e a episiotomia (corte na vagina).

 

Posso levar meu plano de parto ao hospital antes do dia do parto?

Essa pode ser uma boa opção se você não sabe se o hospital recebe o plano de parto. Você pode ir até lá, conhecer o hospital, e solicitar que o plano de parto seja protocolado. Mas, normalmente as pessoas levam e entregam para a equipe de plantão que está em atendimento no dia mesmo.

 

Dicas para elaborar seu plano de parto

Quanto ao trabalho de parto: quero ter liberdade de movimento; quero usar as minhas roupas e não a roupa do hospital; gostaria de receber métodos naturais de alívio da dor; quero música ambiente (ou silêncio); quero (ou não quero) receber massagem; Quero ser acompanhada por uma Doula; Quero que meu (minha) companheiro (a) permaneça comigo durante o trabalho de parto; quero poder usar o chuveiro para alívio da dor; quero receber alimentos e água.

Quanto ao parto: quero permanecer no mesmo local do pré-parto durante o parto; quero luzes baixas; ar condicionado desligado na chegada do bebê; quero (ou não quero) que seja feito analgesia para alívio da dor; quero que o meu bebê nasça na água; não autorizo raspagem dos pelos; não autorizo episiotomia (corte na vagina); quero parir na posição que me sentir mais confortável;

Quanto ao pós-parto imediato: Clampeamento tardio do cordão (mínimo de 3 minutos) para que o aporte de sangue necessário vá para o bebê; gostaria que o cordão fosse cortado pelo pai do bebê;  gostaria que aguardassem a dectação espontânea da placenta; quero ver minha placenta (ou não quero ver minha placenta); quero que o bebê possa mamar na primeira hora de vida. Gostaria que os exames sejam feitos após a primeira hora de vida do bebê e perto de mim; vitamina k injetável ou por via oral; não autorizo a aplicação de nitrato de prata (quero assinar um termo de recusa); Não quero que sejam feitas vacinas no bebê no hospital; quero que o bebê permaneça em alojamento conjunto; primeiro banho após 24h de vida ou só em casa; Não autorizo que seja oferecido nenhum tipo de bico artificial ao bebê.

Em caso de cesárea: autorizo a cesárea apenas intraparto; gostaria que as luzes da sala sejam deixadas baixas e o ar condicionado desligado; gostaria de ver o bebê quando ele for retirado; gostaria que meu acompanhamento cortasse o cordão; gostaria que o bebê seja colocado em contato pele a pele comigo, pelo menos na primeira meia hora de vida.

 

Thais Rodrigues Bernardo, Enfermeira Obstetra formada pela Faculdade Santa Marcelina e especialista em Saúde da Família pela UNIFESP.

 

 

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