A chegada do bebê em casa costuma ser um momento repleto de emoções intensas. Tudo ali é novo: a casa não é mais a mesma, você não é mais a mesma e a configuração familiar também não (independente de quantos filhos se tenha). Por mais que esse momento tenha sido desejado e sonhado, tudo terá que ser adaptado aos desafios dessa nova fase.

Por mais parceiro que o casal seja, o pós parto é um período que exige muito da mãe, por isso é essencial que ele seja visto e organizado com antecedência de forma que também a família, o(a) parceiro(a) e os demais filhos (se houver) participem desse momento de forma ativa e respeitosa, tornando-o o mais leve possível.

Respeite seu tempo

O pós-parto não se resume ao cuidado com o bebê. A mãe também precisa de atenção, respeito e apoio para se recuperar física e emocionalmente da experiência do parto. Precisamos lembrar que esse é um momento de adaptação, que envolve não só o restabelecimento da saúde física, mas também o equilíbrio emocional e psicológico.

Passadas todas as mudanças vivenciadas na gestação e o parto (que talvez tenha sido como planejado, talvez não)… chega o pós parto, onde outras transformações acontecem. A recuperação pode variar de mulher para mulher, mas é importante que se tenha apoio para lidar com as mudanças físicas, como o retorno do útero ao seu tamanho normal, o cuidado com os pontos (caso haja) e a amamentação. Além disso, a saúde mental da mãe não deve ser negligenciada.

O chamado “baby blues” — uma fase de alterações emocionais que ocorre nos primeiros dias — pode ser comum, mas nem por isso deve ser menos cuidado. Muitas mulheres vivenciam ondas de felicidade plena para em seguida sentir um cansaço extremo, choro e angústia. Nessa fase nosso corpo está trabalhando com os hormônios a pleno vapor e, além disso, temos um pequeno ser humano que depende quase que exclusivamente de nós para viver.

Por isso, o apoio emocional da família, do parceiro(a) e de profissionais de saúde é crucial nesse momento. Não tenha medo ou vergonha de pedir ajuda.

O papel do pai enquanto parceiro do cuidado

A ideia de que o cuidado com o bebê é responsabilidade única da mãe precisa ser repensada. O pai também tem um papel fundamental nesse processo, seja no cuidado direto com o bebê, seja no cuidado e no apoio emocional à mãe. Nos primeiros meses, a parceria do pai pode aliviar a carga de trabalho da mãe, especialmente nas noites mal dormidas e nas tarefas diárias – que não precisam necessariamente ser listadas ou ditas, uma vez que essa também representa uma carga mental para as mulheres.

Vale lembrar que o envolvimento do pai fortalece o vínculo com o bebê, criando um ambiente mais saudável e equilibrado para toda a família.

A rede de apoio: família e amigos

Ter alguém para ajudar nas tarefas domésticas, preparar uma refeição ou simplesmente oferecer um ombro amigo pode aliviar o estresse da mãe e do pai nos primeiros dias, desde que seja de sua vontade, é claro.
No entanto, é interessante que o casal converse antes e descubra como é para cada um ter esse auxílio, se querem ajuda, se sentem à vontade com visitas nos primeiros dias. Em alguns casos, os palpites podem mais atrapalhar do que ajudar, por isso é importante entender a dinâmica de cada família e como essa ajuda funcionaria na prática.

Rede de cuidados coletivos

A sociedade também desempenha um papel fundamental no pós-parto. O acesso a serviços de saúde de qualidade, como consultas de pós-parto, acompanhamento de enfermeiras, psicólogos e fisioterapeutas, é essencial para o bem-estar da mãe e do bebê. Políticas públicas que garantam licença maternidade e paternidade, apoio psicológico e o direito a um parto humanizado são fundamentais para garantir um pós-parto saudável para todos os envolvidos. E essa deveria ser uma luta de toda a sociedade.

Aqui na Commadre, contamos com um time de profissionais que atuam alinhados nos cuidados com as mulheres, bebês e famílias no pós parto. Conheça mais aqui.

Dicas para se preparar para o pós parto

A preparação para o pós-parto deve começar ainda na gestação. Conversar sobre as expectativas e os desafios com o parceiro, entender as mudanças que ocorrerão no corpo e na rotina e buscar informações sobre os cuidados com o bebê são passos importantes.

Nas consultas de pré-natal com as Parteiras aqui na Commadre esse é um dos temas abordados. Conversamos sobre expectativas, organização e planejamento dos primeiros dias com o bebê em casa. Isso porque vemos ao longo dos anos que muitas famílias se preparam bastante para o parto mas acabam esquecendo o pós parto.

Gosto de reforçar também que pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, mas sim um gesto de inteligência emocional. O apoio psicológico, caso necessário, deve ser considerado desde o início da gestação, e a rede de apoio (se for possível) deve ser formada de forma consciente e com acordos claros.

Cuidar de si mesma, pedir ajuda quando necessário e dividir as responsabilidades com o parceiro e a família são ações que podem tornar o período pós-parto mais leve e saudável para todos.

Karina Fernandes Trevisan, Enfermeira Obstetra e sócia fundadora da Commadre

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