Desde que a humanidade é humanidade observamos a presença de mulheres auxiliando nos partos, afinal, essa sempre foi uma ocasião na qual a parturiente necessitou de ajuda: é incomum que uma mulher faça o seu próprio parto – embora existam alguns exemplos.
A palavra “Doula” vem do grego, “mulher que serve”. Mundialmente este nome aplica-se às mulheres que dão suporte físico e emocional a outras mulheres, antes, durante e após o parto. Em 1996 foi definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que a Doula é uma amiga, uma prestadora de serviços que recebe um treinamento básico sobre parto e que está familiarizada com uma ampla variedade de procedimentos de assistência.
Apoio e presença constante
No parto, o papel da Doula é fornecer apoio emocional, proporcionar conforto materno, esclarecimentos sobre o que está acontecendo durante o processo, enfim, uma presença constante que atua como uma interface entre a equipe de saúde e o casal, falando em uma linguagem acessível sobre as técnicas, os procedimentos hospitalares e acolhendo a mulher em um dos momentos mais vulneráveis de sua vida.
É ela quem ajuda a parturiente a encontrar posições mais confortáveis para o processo de parto e nascimento, quem mostra formas eficientes de respiração e propõe medidas naturais que possam aliviar as dores: como banhos, massagens nas costas e relaxamento – sempre oferecendo confiança e carinho.
Comumente, a Doula desenvolve uma escuta ativa e deixa a mulher falar quando sente necessidade. Além disso, estimula sua auto-estima, fazendo-a acreditar na sua capacidade. Para isso, se amolda ao momento, estando plenamente integrada com os sentimentos da parturiente e respeitando sua vontade.
O resgate do parto
O medo do parto (que nada mais é do que o medo do desconhecido) leva à tensão, essa, por sua vez, leva a dor que aumenta o medo, e assim perpetua-se o ciclo. A Doula vem justamente para aumentar a segurança, e quebrar este ciclo. Seu apoio emocional acolhe e encoraja a mulher em todo o processo de gestação e parto, ajudando a entender e trabalhar os medos, anseios e sombras que possam surgir
Aos poucos nos convencemos que o excesso de tecnicismo deixou uma lacuna, um espaço vazio, que agora está sendo preenchido pelo trabalho das Doulas, que é justamente essa atenção sutil ao parto, uma verdadeira assistência à mulher e não à uma barriga ou útero que se contrai.
Hoje, além de todo o suporte físico, emocional e psicológico oferecido à mulher, a Doula também se responsabilizou pelo papel de resgate ao parto normal, por informar à mulher sobre os procedimentos que ela poderá viver no parto – que, muitas vezes, são desnecessários.
Apesar das mudanças de cenário que o parto sofreu a longo dos anos, a figura da Doula sempre existiu e, principalmente, resistiu! Seu papel de assistência à mulher tem sido cada vez mais divulgado e aos poucos – e com muita luta- vemos a profissão conquistado seu merecido espaço.
Doula e enfermeira não tem a mesma função
No entanto, cabe esclarecer que a Doula não substitui a presença da Enfermeira Obstetra/Obstetriz e/ou da médica, pois suas funções são diferentes frente ao parto. A doulagem é uma atividade profissional que atua em conjunto com a assistência médica, formando uma equipe de apoio completo e contínuo à mulher.
A Doula não realiza ausculta fetal, exame de toque e não participa de intercorrências que possam surgir durante o processo de trabalho de parto, nascimento e pós-parto imediato. Por esse motivo, ela não pode assumir sozinha a responsabilidade por um nascimento, mas pode (e deve) estar presente, oferecendo seu olhar e seu cuidado pois não somente os novos seres precisam ser recepcionados com amor, como também a mulher merece todo o amor e cuidado ao colocar uma nova vida no mundo!
Aline Flores é mãe da Tulipa, Doula, Dançarina Oriental, Aromaterapeuta e Massoterapeuta ayurvédica.