Quanto tempo é seguro esperar pelo parto normal
Quando a mulher engravida parece que de repente todas as pessoas ao redor engravidam junto: o cuidado dobra e todos começam a se preocupar com aquela pequena vida que está crescendo ali dentro. Na medida em que a barriga cresce, as perguntas vão aumentando: é menino ou menina? Quando nasce? E já mais para o finalzinho da gestação toda essa expectativa em relação ao nascimento começa a deixar a mulher ainda mais ansiosa. Mas, afinal, quanto tempo dura uma gestação? Quanto é seguro esperar o bebê dar o sinal de que é a hora certa de nascer?
Uma gravidez a termo acontece entre 37 a 41 semanas e 6 dias. Portanto, uma gestação é considerada pós-termo (aquele famoso “passou da hora”) existe somente quando a gestação ultrapassa as 42 semanas. Logo na primeira consulta, a Obstetra calcula a DPP (data provável de parto) que corresponde a 40 semanas de gestação – a contar a partir da data da última menstruação informada pela gestante. Com o ultrassom de primeiro trimestre em mãos, a Obstetra compara as datas e define assim a DPP com um pouco mais de precisão. Esse dado servirá de base para todo o acompanhamento de Pré-Natal.
O que pouca gente sabe é que a tal da DPP é apenas uma base, não significa que o bebê deve nascer até as 40 semanas – apesar de haver grandes chances de que isso aconteça. Cerca de 5% das gestações ultrapassam 41 semanas e são raras as que se estendem por mais de 42 semanas mas, pode acontecer.
Ainda não nasceu?
Quando a gestação ultrapassa as 41 semanas a equipe passa a acompanhar a gestante mais de perto devido ao risco de insulficiência placentária (também conhecida como placenta envelhecida) que pode levar o bebê a óbito ainda dentro do útero. Esse medo é o que faz com que muitos profissionais marquem a cesariana antes de 40 semanas, sem considerar que essa atitude pode levar a danos muito maiores do que acompanhar a gestante com maior zelo e esperar, já que sem início de trabalho de parto o bebê ainda não está maduro para nascer.
E se o bebê não estiver bem?
Uma das formas de a mulher saber que o bebê está bem é sentir seus movimentos já que são eles que demonstram sua vitalidade, sem necessidade de exames especiais. O Ministério da Saúde refere que o bebê deve ter pelo menos 6 movimentos em 1 hora (sempre após a alimentação da mãe).
Caso o bebê não mexa 6x no intervalo de uma hora ele pode estar dormindo, então é recomendado que a gestante levante, mexa com o bebê e faça novamente a contagem. Caso o número de vezes de movimentação continue inferior a 6, deve-se procurar um serviço de saúde ou o profissional que está acompanhamento o pré natal.
Indução de Trabalho de Parto
Durante as consultas, a equipe avalia os movimentos com monitorização da vitalidade fetal, além disso o pré natal nessa fase é muito importante para planejar até quando é possível esperar.
Se não há sinais de trabalho de parto após as 41 semanas a equipe deve conversar com a gestante/casal e explicar as vantagens e desvantagens da indução e da conduta expectante. Após explicar todos os riscos, tanto da indução quanto de aguardar o trabalho de parto espontâneo, Obstetra e casal podem fazer a melhor escolha.
Mais do que uma data limite de até quando se deve esperar, é importante avaliar a gestante individualmente. Algumas revisões sistemáticas sugerem que a indução do trabalho de parto seja realizada entre 41/42semanas, porém, não há muitos estudos com gestações com mais de 42 semanas, o que inviabiliza saber de fato os riscos e os desfechos após as 42 semanas.
Como funciona a indução?
A indução do trabalho de parto pode ser feita de duas maneiras: utilizando métodos naturais ou farmacológicos. Para decidir qual o melhor método a ser empregado, é preciso avaliar a condição do colo uterino da mulher, a paridade e as possíveis patologias existentes.
Os métodos naturais são Acupuntura, método Krause (colocação de uma sonda dentro do colo uterino), Homeopatia, estimulação mamária, relação sexual e descolamento de membranas ovulares. Os farmacológicos são Ocitocina (soro), Misoprostol (comprimido inserido no colo do útero) e Dinoprostone (comprimido também colocado no colo do útero, mas difícil de ser encontrado nos hospitais).Vale lembrar que gestantes com cesariana anterior não devem receber indução com o uso de Misoprostol.
Os métodos naturais são melhores mas nem sempre mais eficazes. Já os farmacológicos, apesar de sua eficiência, trazem efeitos indesejados que devem ser considerados e explicados ao casal antes da aplicação.
Dra Camila Escudeiro, Obstetra Humanizada
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