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Como conduzir o desmame de forma gentil

O leite materno é o alimento mais completo para o bebê que acabou de nascer. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que seja mantido como alimento exclusivo até os seis meses de idade e, como alimento complementar até os dois anos de idade ou mais.

No entanto, a amamentação é um processo com início e fim e quanto mais clareza as mulheres tiverem de suas etapas, mais fácil será lidar com cada fase. Portanto precisamos falar também sobre a fase final, o desmame. Porém, falar de desmame ainda é um tabu na nossa sociedade!

Parece que não podemos falar desse assunto, mas precisamos naturalizar a questão, já que como pouco se fala do assunto, desta forma, criou-se o mito de que o desmame é tranquilo, que é natural, o que causa ansiedade, desgaste, frustação, além de desmames abruptos e traumáticos.

 

Quando falamos em desmame, primeiro, precisamos saber que:
  1. Quanto mais decidida a mulher estiver sobre esse momento, mais tranquilo será o processo.
  2. Só é possível pensar sobre desmame gradual com crianças acima de 16 meses já que antes de um ano não é possível estabelecer uma comunicação muito clara em relação aos combinados propostos. Quanto mais novinha a criança for, mais difícil será ela entender esse processo e mais custoso e traumático.
  3. Não existem regras, é preciso olhar para cada criança e para cada mãe individualmente, levando em conta sua estrutura familiar, sua rede de apoio, enfim, todo o contexto.
  4. O Desmame sendo feito de forma gradual, é o mais indicado já que o interessante é que seja um ciclo encerrado para a mãe para o bebê , porém é um processo lento que pode levar bastante tempo, às vezes, meses.
  5. É preciso ter paciência com o processo pois o peito muitas vezes é um facilitador na rotina.
  6. O desmame é uma oportunidade de criar novas formas de interagir com a criança, já que, se antes tudo acolhe no peito e lá se cura tudo, quando chega o desmame, outros meios precisam ser descobertos.

 

Sinais que podem indicar que a criança está pronta para o desmame

–  Começa a entender o que é dia e noite;

– Consegue ficar bem sem a mãe, apenas com o cuidador;

– Não fica exigindo mais o peito toda hora.

– Enquanto mama, fica pulando de um peito para o outro, isso acontece porque a ejeção do leite causa incômodo.

– Aceita bem trocar uma mamada por uma brincadeira.

 

Tipos de Desmame

São quatro os tipos de desmame e todos deveriam ter auxílio de um profissional para ajudar as mulheres a saber o que fazer com o peito para não virar uma mastite ou ter um ingurgitamento mais grave, como fazer a regressão dos níveis hormonais, como fazer a oferta do leite à criança (…). O papel da consultora no desmame é montar um plano, entender as necessidades e ir fazendo um processo gradativo desse desmame.

 

  1. Desmame natural: a criança simplesmente não precisa mais do peito, consegue se satisfazer sozinho nutricionalmente e afetivamente falando. A literatura fala que ele pode acontecer entre os 3 e os 5 anos de idade.
  2. Desmame induzido: costuma ocorrer na introdução de bicos artificiais, como a mamadeira, cuja ejeção do leite é muito mais fácil do que no seio.
  3. Desmame abrupto: quando a mãe precisa parar de amamentar de uma hora para outra. Aqui vale uma ressalva: muitos profissionais da saúde orientam o desmame sem necessidade, como por exemplo nos casos em que o bebê não está comendo bem , uso de medicação não compatível com a amamentação, a mãe vai fazer uma cirurgia, o dente começou a nascer… é como se o desmame fosse a solução para todos os problemas e não é! Solução rápida é o que mais tem por aí. Aliás, a mulher engravidar novamente não é motivo de desmamar o mais velho, desde que ela não tenha risco de parto prematuro.
  4. Desmame gradual: são 3 passos, descritos a seguir que normalmente usamos como caminho.

 

 

Passo 1: regular a demanda

A regulação pode durar de 7 a 14 dias, é um processo gradual, não ocorre de uma hora para outra.

 

Dicas para quem quer regular a demanda:

– Use roupas que dificultam a amamentação;

– Não ofereça o peito sem a criança pedir.

– Delimite o cantinho da mamada, de preferência escolha um lugar que não seja tão confortável para que vocês não queiram estender o tempo de ficar ali (como o sofá, em frente à tv, por exemplo).

– Delimite o período de mamar: após o banho, após o jantar (…). Você pode fazer ilustrações para ajudar a criança a saber quando serão esses momentos, isso a ajudará a ficar mais tranquila.

– Encurte as mamadas: combine com a criança que ela só vai mamar enquanto a mamãe contar até 10 ou enquanto a mamãe canta uma musiquinha.

– Sugira a substituição das mamadas por outras atividades lúdicas.

 

Passo 2: desmame noturno

Esse é o segundo passo porque normalmente quando regulamos as mamadas durante o dia o desmame noturno fica mais tranquilo. Aqui a dica de ouro é: se possível, deixe para outra pessoa fazer os últimos cuidados noturno (troca de fralda, escovação, colocar a criança para dormir…). Inclusive, se a criança acordar durante a noite quem acolhe é o cuidador. Sim, precisa ter alguém ali que banque esse desmame junto. Para quem não tem essa rede de apoio, também é possível, mas será um pouco mais trabalhoso.

É importante lembrar que esse processo pode envolver choro, mas o choro acolhido não é danoso (diferente de deixar a criança chorar sozinha até parar). Se você realmente quer encerrar o processo, precisa ser firme pois o vai e volta pode confundir a cabecinha da criança.

 

Passo 3: desmame total

A chave para o sucesso aqui é descobrir novas formas de interagir com essa criança (sim, elas existem e são muitas!). Pode ser interessante, se fizer sentido para você, fazer um ritual de despedida do tetê, algo simbólico como tirar uma foto, por exemplo.

 

Texto baseado na live de Gracielle Basile, especialista em cuidados materno infantil com ênfase em amamentação, realizada dia 27 de abril de 2021 no Instagram da Commadre.

Foto: Cibele Barreto Fotografia

 

 

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