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Amamentação e Retorno ao trabalho

por | 09/03/2016

A mulher que volta ao trabalho não é a mesma mulher que saiu na licença maternidade. A mulher que retorna trás consigo a vivência do parto, do intenso vínculo mãe e filho, enfim, muitas descobertas e desafios que a fazem diferente. Essa mulher precisa de apoio para retomar a rotina e conciliar os papéis de mãe e trabalhadora, algo que na nossa sociedade não é fácil. Muitas angústias permeiam este processo e a amamentação é uma delas.

Como proteger o aleitamento materno no retorno ao trabalho? Quais são os meus direitos? O que esperar da empresa? No Brasil existem leis que asseguram à mulher alguns direitos, porém a licença maternidade de seis meses, por exemplo, não é uma realidade para todas, a maior parte das empresas não dispõe de salas de amamentação na qual a mulher possa fazer a ordenha (retirada de leite) ou mesmo amamentar seu bebê – para os casos em que a escola seja perto da empresa ou que seja possível alguém levar o bebê até ela para mamar.

A volta ao trabalho para muitas é sinônimo de desmame, de necessidade de introdução da mamadeira ou de qualquer outro bico artificial, mesmo que o bebê já se alimente, uma escolha que, muitas vezes, é sugerida pelo próprio pediatra e amparada pela sociedade de modo geral.

A verdade é que não, você não precisa desmamar seu bebê. Amamentar é uma escolha e você pode continuar amamentando no retorno ao trabalho, fácil não é, mas é possível sim. O primeiro passo é informação: procure saber dos seus direitos enquanto lactente e estabeleça um diálogo com a empresa. O ideal é que essa comunicação aconteça cerca de um mês antes do retorno ao trabalho para você ter tempo de se programar: verifique quando será seu retorno, se será possível unir as férias à licença maternidade, enfim, se informe quanto ao que a empresa oferece as mulheres que ali trabalham.

Dentro deste planejamento cabe definir onde o bebê ficará enquanto você trabalha: na escola, com uma babá ou aos cuidados de alguém da família. Independente de qual seja sua escolha, é importante expressar sua vontade de continuar oferecendo seu leite ao bebê e orientar o cuidador quanto a como isso deve ser feito.

No que diz respeito a questões práticas, comece a estabelecer uma rotina de ordenha pelo menos 15 dias antes do retorno ao trabalho, isso ajudará a já ir aumentando a sua produção. A ordenha pode ser feita com uso de bomba mecânica ou manualmente. O ideal é que ela seja feita em um ambiente tranquilo e limpo, após a higiene das mãos, e com os cabelos presos. O leite coletado deve ser armazenado em pote de vidro ou plástico duro, já previamente esterilizado,e conservado na geladeira por um período de no máximo 24 horas e no freezer até 15 dias. Para a coleta do leite durante o período de trabalho você vai precisar de uma bomba mecânica, frascos, uma bolsa térmica com gelo e álcool gel 70%.Existem também sutiãs em que você nem precisa ficar segurando a copa da bomba e dá para fazer a ordenha até na sua própria sala de trabalho, no banheiro ou até dirigindo. Enfim, existem muitas possibilidades para facilitar a rotina e favorecer a proteção do aleitamento.

O apoio da família é muito importante nesse processo, quando o companheiro partilha da mesma opinião ele incentiva, auxilia e sustenta o nosso desejo, visto que um simples abraço, uma louça lavada, um bebê tomado banho e o compartilhar das tarefas de casa já torna essa transição menos dolorosa e cansativa.

Também é fundamental que a nossa postura mude frente ao retorno ao trabalho, precisamos começar a cobrar melhores condições como mães e não nos cobrar como uma mulher que está voltando de férias, até porque, vamos combinar, a licença maternidade está longe de parecer com férias, ainda que o mercado e uma parcela da sociedade veja desta forma. Não existe nenhum problema com você: é muito difícil ser comparada ou cobrada a produzir como antes sem condições que favoreçam sua maternagem dentro das organizações. Isso é fato.

Já existem estudos, inclusive, que falam do aumento de produtividade no trabalho das mulheres que tem apoio da empresa, como berçários, ou que podem levar os filhos ao trabalho, além de outras condições. Acho válida e fundamental essa discussão e reflexão de como seria esse ambiente ideal para ambas as partes, quais nossas possibilidades.

Enfim, é possível amamentar, exercer a maternidade e estar ativa no mercado de trabalho. Para isso, é importante a troca de experiências e vivências com mulheres que já passaram e que estão passando por esse processo, a informação e o auxílio profissional sedimentam suas escolhas e o apoio da família, sustenta.

Amamentar é vida para mãe e bebê e o quanto isso vai durar só cabe aos dois decidirem.

Luciane Amorim, mãe da Manuela, enfermeira obstetra, consultora em aleitamento materno e ativista dos direitos das mulheres.

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